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23/09/20 | Pierre Cruz – Coraveli

Presas de Tremembé são contempladas por projeto de costura

Iniciativa ganhou força no período de distanciamento social como forma de manter as atividades laborterápicas

Nas mãos das reeducandas da Penitenciária Feminina II de Tremembé, um vestido antigo e com danos causados pelo tempo é transformado em uma colcha para cama de casal, com babado branco e detalhes bordados com pedraria. Peças que iriam para o lixo são desconstruídas e ganham aspecto novo com o projeto de costura e artesanato “Sol Nascer”, que funciona na Ala de Progressão Penitenciária da unidade prisional desde meados de abril.

A iniciativa ganhou força no período de distanciamento social como forma de manter as atividades laborterápicas de detentas do regime semiaberto, que conseguem remir pena com o trabalho realizado em um ateliê dentro do presídio. Não há gastos para a produção, pois a matéria-prima necessária é doada por empresas têxtis e lojas de roupas que precisam descartar peças já sem utilidade.

As detentas usam tecidos e pedrarias que ainda podem ser aproveitados para criar enxovais, bolsas de diferentes tamanhos, jogos americanos, entre outros itens. As ideias de novos produtos são discutidas entre as internas e a equipe do Núcleo de Trabalho do presídio, que orienta as sentenciadas.

Todas as presas foram selecionadas com base em suas aptidões e experiências na área de corte e costura e ensinam técnicas diferentes. “Quando chega uma nova integrante, formamos uma equipe e ensinamos a colocar o tecido na máquina ou a cortar as peças, sempre uma ajudando a outra”, explica Kátia, interna de 51 anos.

A reeducanda conta que teve o primeiro contato com o mercado de trabalho dentro da penitenciária, quando foi contratada por uma fábrica de confecção que mantém convênio com a unidade prisional. “Com certeza, eu mudei bastante o meu modo de pensar. Hoje, eu sou mais moderada, mais inteligente e consigo me expressar melhor”, reflete.

ECONOMIA CIRCULAR

A diretora do Núcleo de Trabalho do presídio, Estael Ramos Batista, explica que o projeto “Sol Nascer” é norteado pelos conceitos da economia circular e da sustentabilidade. “Desenvolvemos um modelo regenerativo e restaurativo, que tem como objetivo manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de usabilidade e valor”, afirma a diretora. “Nós promovemos a transformação do que iria para o lixo em algo novo”, completa.

Os itens produzidos pelas reeducandas ficam expostos para a população carcerária. “A proposta é que, futuramente, essas peças sejam comercializadas e gerem retorno financeiro às sentenciadas envolvidas”, afirma Estael.

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