20/05/24 | Sonia Pestana - Coremetro  |  Compartilhe                    

Pinacoteca de SP promove curso de serigrafia em presídio de Guarulhos

As obras feitas por 20 presos serão expostas ao público

A Pinacoteca, o mais antigo museu de artes plásticas do Estado de São Paulo, firmou parceria com o sistema prisional por meio da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap). O projeto piloto Arte e Liberdade Pina, curso de serigrafia de recorte ou estêncil, está em andamento com 20 reclusos da Penitenciária I “José Parada Neto” de Guarulhos. O estabelecimento penal pertence à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro) que é gerida pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

A serigrafia, silk screen ou impressão em tela, é um processo de impressão que pode ser usado de múltiplas formas e finalidades. Quando criada, no século 1º, era realizada por meio de seda, por isso o nome seri-seda, grafia-escrever ou desenhar.

Jochen Volz, diretor geral da Pinacoteca de São Paulo, declarou que a instituição sempre busca projetos visando promover a aproximação com uma parcela da sociedade que não acessa exposição de acervo de pinturas e artes visuais. Em complemento, Gabriela Aidar, coordenadora de Programas Educativos Inclusivos da Pinacoteca, disse que a maneira de trazer o museu para dentro de uma unidade prisional é por meio das atividades artísticas e educativas, a exemplo do projeto de serigrafia.

Para ela, esse é só o começo de um trabalho que vai se repetir tanto na Penitenciária de Guarulhos como também em outros estabelecimentos penais do Estado. Sobre a escolha do curso de serigrafia, a coordenadora explica que a técnica é prática, simples, acessível, com bons resultados que podem ser aplicados em várias áreas.

Em nome da Funap, Eunice Godinho, superintendente de educação da fundação, destacou, em sua fala aos reclusos, que o projeto traz inúmeras possibilidades de trabalho para quando eles estiverem em liberdade. De acordo com ela, a intenção da instituição é que essa atividade represente algo a mais na vida de cada um dos alunos e que possibilite uma ocupação rentável. “Aqui em São Paulo, há um mercado têxtil muito forte e uma área de trabalho que permite muitas portas abertas a todos”, garantiu Eunice.

O diretor da Penitenciária I “José Parada Neto”, André Luiz Alves, em sua fala, lembrou a todos que as pessoas que estão custodiadas, cumprindo sua pena, irão retornar à sociedade. Assim, ele destacou: “O quanto pudermos tornar a pena dessas pessoas produtiva, permitindo que se desenvolvam educacionalmente, será o ideal para todos”.

Segundo Alves, o curso de serigrafia de recorte ou estêncil é um projeto piloto para 20 pessoas com possibilidade de oferta de mais vagas. Falando aos alunos presentes, ele disse: “agradeço a parceria da Pinacoteca e ressalto para que vocês valorizem essa oportunidade. Ela é uma chance de terem uma obra exposta na Pinacoteca”, frisou. E completou: “Ter as obras de reeducandos do sistema prisional expostas em um espaço tão importante para a cultura brasileira é motivo de muito orgulho para a SAP. A Pinacoteca é um espaço de todos nós”.

Estrutura do projeto

O projeto piloto “Arte e Liberdade Pina” foi lançado em 22 de abril e está estruturado para atender 20 reeducandos da Penitenciária I “José Parada Neto” de Guarulhos. O curso está estruturado para oferecer 15 aulas presenciais, com duração de 2 horas cada aula. A ação está voltada para o ensino de serigrafia de recorte ou estêncil.

A ação prevê certificação que será emitida pela Pinacoteca em parceria com a Funap. O curso terá à frente dois professores mediadores, Carlos Augusto Sampaio e Rosane Lima de Oliveira.

Estão planejadas exposições dos trabalhos dos alunos, conforme programação:

Com esse conhecimento, o aluno poderá externar sua criatividade em camisetas, cartazes, telas, dentre outros. A técnica pode ser usada como arte, terapia e também subsistência.