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04/12/15 | Sonia Pestana – Coremetro

Artesanato em unidades prisionais beneficia crianças e idosos

Com empenho, criatividade e união sentenciados fazem arte com material reciclável




Apesar de estarem cumprindo pena em locais diferentes, aproximadamente distantes 70 km um do outro, cerca de 40 sentenciados vivem as mesmas experiências. Juntos eles criam e produzem peças artesanais feitas a partir de material reciclável recolhido nos pavilhões habitacionais. Toda produção é feita em benefício de crianças e idosos de entidades assistenciais das regiões de abrangências de suas unidades prisionais.

Um dos exemplos vem do setor de artesanato da Penitenciária “Nilton Silva” II, de Franco da Rocha, que mantém uma equipe permanente há mais de cinco anos. Por meio do projeto Trabalho Artesanal: efeitos e oportunidades além das grades, que teve seu início em julho de 2010, foi estabelecida a criação de um espaço próprio destinado à realização de trabalho artesanal desenvolvido pelos reeducandos.

Segundo Luísa Marilac Costa, diretora do Centro de Trabalho e Educação da penitenciária, no início disponibilizaram 10 vagas, porém hoje a realidade é outra. A sala destinada ao artesanato tem capacidade para cerca de 20 sentenciados, dando a eles as condições necessárias para a realização dos trabalhos no horário das 8 às 15 horas, com intervalo para almoço, que é servido no próprio local. Mensalmente são produzidas em média 60 peças

Luísa destacou que a implantação do setor de artesanato veio contribuir para o processo de ressocialização, já que esse trabalho dá direito à remição de pena na proporção de um dia remido na pena a cada três dias trabalhados. Para ela, toda a estrutura montada, como local e horário de trabalho, contribuiu para aumentar a responsabilidade dos sentenciados envolvidos.

A diretora indicou ainda outros pontos altos dessa iniciativa. Ela disse que o projeto criou um novo caminho para muitos dos reeducandos que é aprender uma nova profissão e poder comercializar alguns desses itens por meio de familiares.

Somado a tudo isso, o projeto da P II de Franco permite que os reeducandos mantenham-se conectados à sociedade, mesmo encarcerados pelo tempo do cumprimento da pena, pois a unidade prisional costumeiramente faz doações de parte dessas produções às instituições de caridade, em datas comemorativas ao longo do ano, a exemplo da Casa do Acolhimento Organização Believe Asa I, Orfanato Lírios do Vale e Associação dos Amigos do Sagrado Coração de Jesus, todos na cidade de Francisco Morato.

Boas ações

Em outro extremo da cidade de São Paulo está o Centro de Detenção Provisória (CDP) “ASP Willians Nogueira Benjamin” de Pinheiros II. Segundo Eliane de Souza, diretora técnica de Saúde, desde 2010 a unidade prisional desenvolve o projeto Esclarecer, que tem como objetivo confeccionar brinquedos para crianças e outros itens para o bazar da Casa Assistencial Maria Helena Paulina. Segundo a diretora, a instituição escolhida tem como missão, desde 1992, contribuir para a saúde, a dignidade e a qualidade de vida de menores carentes e seus familiares que vêm para São Paulo em busca de tratamento contra o câncer.

De acordo com Eliane, o projeto beneficia não somente a Casa Maria Helena, mas também a família dos envolvidos na produção, uma vez que parte dos itens confeccionados é canalizada para complementar a renda da família dos sentenciados artesãos. A adesão ao projeto é feita de forma voluntária e recentemente foram agregadas também as criações do grupo de reeducandos que utilizam o artesanato como atividade de terapia ocupacional, o que inclui aqueles que fazem uso de medicamentos controlados e dependentes químicos.

Para a confecção de brinquedos e peças decorativas e utilizado todo tipo de material reciclável descartado na unidade. A diretora listou entre esses, garrafas pet, folhas de alumínio proveniente dos marmitex servidos aos presos, além de copos descartáveis, tampas plásticas de refrigerantes, caixas de papelão e papéis diversos.

Em ambos os projetos das unidades prisionais os resultados comprovam que as ações têm beneficiados tanto as crianças e idosos como também os sentenciados envolvidos na produção artesanal. Segundo Luísa Marilac, da penitenciária de Franco da Rocha, uma das medidas tomadas pela unidade é aproximar os grupos envolvidos.

Desde o início do projeto, a equipe da diretoria de educação da P II faz o registro fotográfico dos reeducando nas oficinas de arte, para ser apresentado ao público beneficiado; o mesmo ocorrendo na entrega aos idosos e crianças das instituições. De acordo com os relatos, há um sentimento de gratidão tanto para quem doa, quanto para quem recebe.

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