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SP recebe iniciativa pioneira do CNJ de estímulo à leitura e escrita para reeducandos

Projeto “Mentes Literárias – Da Magia dos Livros à Arte da Escrita” será levado a outros estados brasileiros

05/11/2024
Foto ilustrativa

Secretário Executivo agradeceu pela escolha do estado como piloto do projeto

Mariana Borges - Assessoria de Imprensa - SAP

No primeiro dia do mês de novembro, a Penitenciária I “José Parada Neto", de Guarulhos, foi palco para finalização de projeto literário desenvolvido pela primeira vez pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Projeto “Mentes Literárias – Da Magia dos Livros à Arte da Escrita” tem como objetivo o fomento de práticas educativas nas unidades prisionais.

A intenção dos idealizadores é levar a iniciativa a outros estados, como explicou o Desembargador José Rotondano na abertura do evento. Rotondano é Conselheiro e Supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução das Medidas Socioeducativas do CNJ.

Na abertura do evento, também estava presente o Desembargador Francisco Eduardo Loureiro, Corregedor-Geral da Justiça, que esclareceu que a iniciativa do CNJ “vem complementar o que já vem sendo feito no Estado de São Paulo”, destacando os trabalhos realizados dentro das unidades prisionais paulistas visando o estímulo à leitura, incluindo a remição de pena pela leitura.

O Coronel Marco Antonio Severo, Secretário Executivo da SAP, agradeceu ao CNJ pela escolha de São Paulo como primeiro estado a receber o projeto, “o que nos mostra que estamos no caminho certo”, pontuou. Severo também destacou que “outros olhos enxergam o trabalho aqui realizado”, referindo-se ao trabalho desenvolvido pela unidade, na pessoa do Diretor-Geral André Luiz Alves, e “isso nos envaidece”, destacou.

Em sua fala, Alves agradeceu ao CNJ pela “confiança por escolherem essa unidade prisional para a realização desse projeto”, salientou. O diretor também destacou que, dos cerca de 1900 custodiados da penitenciária, não havia nenhum em falta disciplinar, 800 estavam trabalhando e só não havia mais por falta de condições físicas do presídio de instalar mais empresas. André ainda ressaltou que 250 reeducandos estão em projetos de remição de pena por leitura: "A média de empréstimo de livros por preso para leitura livre é de 1,5 livro por mês".

Também compuseram o dispositivo de honra o supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do TJSP, Desembargador Gilberto Leme Marcos Garcia; os juízes auxiliares da Presidência do CNJ Edinaldo César Santos Junior e Jônatas dos Santos Andrade; o Promotor de Justiça Marcos Bento da Silva; e o presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo, Leandro Lanzellotti de Moraes. Acompanharam o evento a juíza assessora da CGJ Jovanessa Ribeiro Silva Azevedo Pinto, e os juízes da Unidade Regional do Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim) da 1ª Região Administrativa Judiciária - São Paulo, Helio Narvaez e Adjair de Andrade Cintra.

Roda de leitura e lançamento de livro

Para a plateia formado por juízes, servidores do sistema prisional e familiares dos reeducandos, foi uma tarde repleta de apresentações. Após a abertura solene, marcada pela fala das autoridades, a primeira atividade foi uma roda de leitura promovida pelo Professor Everaldo Carvalho, servidor da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia, atualmente atuando como colaborador do CNJ. Ele intermediou uma roda de leitura promovida no palco do evento sobre o livro “Violência”, novo romance de Fernando Bonassi, que também estava presente e esclareceu dúvidas para os cerca de 20 reeducados que estavam no palco.

Bonassi, que trabalhou na série Carcereiros e na adaptação do livro Estação Carandiru, destacou que a realidade retratada no livro tem como objetivo purgar o leitor, de modo a purificá-lo por meio da violência testemunhada. Ele citou como analogia a palavra grega mártir, aquele que testemunha uma cena violenta, uma desgraça, para que esta não se repita.

Os custodiados destacaram a mudança pela qual passaram durante o cumprimento de pena e por meio da leitura: “Hoje nós temos que ser um humano diferente. Para que eles notem que houve sim, uma ressocialização. (...) Cada um vai procurar ser melhor a cada dia. Voltar a sociedade de uma forma diferente”, pontuou um deles.

Após a roda de leitura, foi a vez dos custodiados mostrarem sua própria produção literária: foi feito o lançamento do livro “Assédio: das violações e consequências”, organizado por Alex Giostri e Marcelo Galdino a partir de poesias escritas pelos reeducandos a partir da reflexão sobre o tema.

A tarde de sexta foi encerrada por apresentação do Coral “Cantando a Liberdade”, composto por 200 reeducandos da unidade. Criado em 2020 com o apoio da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” – FUNAP, também responsável pela gestão do projeto de incentivo à leitura da unidade, o coral começou efetivamente em 2021, com a retomada das atividades coletivas após a pandemia de Covid-19.

O evento foi promovido pelo CNJ com o apoio dos tribunais de Justiça do Estado de São Paulo e do Estado da Bahia, da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, da Editora Giostri e da Empresa Socializa Brasil.

 

Livro lançado no evento é autografado por custodiado

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