Sonia Pestana - Coremetro
A direção do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Diadema vem tomando medidas práticas para a reinserção dos reclusos na sociedade. O programa piloto “Meu Emprego - Trabalho em Equipe” foi inserido nos projetos da unidade prisional.
Segundo a diretora geral do CDP, Solange Alves Machado Rodrigues, o curso possui carga horária de 36 horas com certificação. Ele foi montado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e é uma ferramenta no processo de ressocialização da pessoa privada de liberdade. De acordo com ela, a iniciativa está voltada para o aprimoramento pessoal e profissional do indivíduo com foco no mercado de trabalho.
A diretora geral destacou, ainda, que nada seria possível sem importantes parceiros. Bom exemplo vem da Escola Estadual “Vila Socialista” que forneceu as becas para a cerimônia de entrega dos certificados, além do apoio incondicional de servidores e das demais diretorias que compõem a unidade prisional.
Bruna Lima Fernandes, assistente social do CDP, está à frente do programa. Ela relata que o curso chamou sua atenção justamente pela abordagem direta e orientadora, aplicada ao contexto do mercado atual, que está cada vez mais exigente na seleção de profissionais.
De acordo com a servidora, a metodologia visou reforçar o trabalho em equipe, a autopercepção e o autoconhecimento. Para ela, esses são elementos fundamentais para a efetiva reintegração social e para a reconstrução da cidadania.
Bruna revela que a ação segue pontos importantes para recolocação no mercado de trabalho. Nos temas abordados estão orientações sobre o trabalho em equipe, habilidades e competência, montagem do currículo, formulário de solicitação de emprego e entrevista, técnicas de procura de emprego, questionamentos sobre o emprego ideal, cuidados com a saúde, testes aplicados pelos empregadores, planejamento financeiro e até trabalho como empreendedor.
Dentro da proposta de promover a reabilitação e a capacitação profissional dos internos, contribuindo para sua reintegração social, Bruna destaca que as abordagens do curso são colocadas em prática no dia a dia na unidade.. “Acreditamos que a educação e o conhecimento podem ser usados a qualquer momento e em todo o lugar”, disse.
Na prática
A primeira turma foi montada com 15 alunos, com aulas no período de 2 a 17 de setembro, formada a partir dos presos que prestam serviços na unidade, a exemplo de manutenção, limpeza e monitoração de cursos. Nesse grupo, apesar da diversidade de formação e experiência de trabalho, Bruna revela que os privados de liberdade tiraram proveito das aulas, quer pela atualização de dados para alguns ou pelos novos caminhos apresentados para outros.
Durante a formatura, ocorrida no dia 17 de setembro, a assistente social deu ênfase ao conhecimento em seu discurso. Ela revelou, contudo, que, a partir do sucesso alcançado com o projeto piloto, a direção do CDP espera poder replicar essa e demais ações, mas desta vez com um leque mais abrangente de alunos.
D.S.S. foi um dos participantes do curso Meu Emprego. Ele considerou a ação uma excelente oportunidade para as pessoas que estão presas. Apesar de já ter formação e experiência como barbeiro, para ele, o programa mostra caminhos a trilhar que poderão contribuir para uma mudança de vida quando em liberdade.
Por outro lado, J.L.S.D. destacou que o estudo fez toda a diferença na sua vida dentro do sistema prisional. De acordo com ele, sua postura mudou quando constatou, de forma prática, que o CDP procura dar as ferramentas básicas e que depende de cada um saber aproveitar.
Com vasta experiência em serralheria, o recluso planeja buscar uma formação no Senai e não descarta a ideia de fazer curso de engenharia civil. “Nossa maior riqueza é o conhecimento”, resumiu.