Sonia Pestana - Coremetro
A Penitenciária I “José Parada Neto” de Guarulhos recebeu, em 11 de dezembro, a visita técnica do reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e de profissionais da instituição. A Penitenciária de Guarulhos pertence à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo, da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).
A equipe esteve na Unidade Prisional para conhecer as diferentes instalações do regime fechado, a exemplo dos pavilhões educacionais e de trabalho. O ponto alto da visita ficou por conta da apresentação do grupo musical e do coral do projeto Cantando a Liberdade que é composto por mais de 200 alunos.
De acordo com o diretor geral da penitenciária, André Luiz Alves, o projeto é, sem dúvida, umas das grandes realizações da Unidade Prisional. O dirigente ainda destacou que os integrantes do coral estão em busca de oportunidades e são merecedores. “Eles são parte importante do processo de reintegração social”, frisou.
Segundo Alves, a visita técnica dos membros do Mackenzie visa conhecer algumas atividades de reinserção social promovidas no local. De acordo com o diretor, o desejo é que uma grande parceria seja celebrada visando tanto a reintegração da pessoa presa como também da qualificação dos servidores do sistema prisional.
O evento contou com a presença de uma convidada especial do Tribunal de Justiça, Renata Amadio da Coordenadoria Criminal e de Execuções Criminais.
Como membro do Sistema Estadual de Métodos para Execução Penal e Adaptação do Recuperando (Semear), Renata declarou que a apresentação dos integrantes do projeto “Cantando a Liberdade” toca o coração e a alma. “Ver a dedicação e a empolgação dos reeducandos. É um incentivo a mais para todos que trabalham com projetos que visam a ressocialização", afirmou.
Mackenzie e o sistema prisional
Diante da apresentação do grupo instrumental e coral, o reitor do Mackenzie, Marco Túlio de Castro Vasconcelos, fez questão de expressar a alegria de poder aprender com os reclusos. Segundo ele, há cinco anos a universidade vem trabalhando com uma proposta inovadora que é a reinclusão social de pessoas privadas de liberdade por meio da educação de nível superior.
Estão sendo atendidas reclusas dos Centros de Progressão Penitenciárias (CPPs) “Dra Marina Marigo Cardoso de Oliveira” do Butantan e também da unidade de São Miguel Paulista. De acordo com Vasconcelos, a proposta atual visa atender 15 reeducandas por ano em cada estabelecimento. “Procuramos colaborar com o que temos de melhor”, garantiu ele.
Segundo o reitor, o Mackenzie apoia também o projeto “Lendo a Liberdade” que é desenvolvido em duas penitenciárias de Franco da Rocha. A ação é feita em parceria com a Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap) e prevê a remição de pena.
A ideia, segundo o reitor, é incentivar a leitura nas Unidades Prisionais. Está nos planos da instituição de ensino estender esse projeto igualmente para a penitenciária.
Dentre os membros da equipe da universidade estava o maestro Parcival Modolo que é Coordenador de Arte e Cultura do Mackenzie. Visivelmente emocionado, o regente não economizou elogios aos componentes do grupo instrumental e coral: “Vocês são vencedores! ”
Cantando a liberdade
Com o objetivo de oferecer aos reeducandos a opção de aprender música, com foco principal no preso idoso, foi criado o projeto “Cantando a Liberdade” em 2019. Aos poucos outros reeducandos foram inseridos à ação. Não demorou muito para que a iniciativa ganhasse destaque dentre as ações da penitenciária “José Parada Neto”.
Atualmente, o projeto conquistou seu espaço. Uma vitória bastante festejada foi a conquista da certificação pela Funap que ainda prevê remição de pena por estudo.
O curso foi estruturado com 10 módulos, num total de 96 horas/aulas com encontros semanais. Nesse contexto ocorrem aulas de teórica musical, além de ações práticas. A iniciativa conta com cerca de 260 integrantes, incluindo uma banda semiprofissional.
Ainda dentro do projeto “Cantando a Liberdade” há 80 alunos no curso de violão e 20 no de flauta doce. Diante da crescente adesão, a expectativa é que a ação cresça ainda mais em 2025.
Equipe da Universidade Mackenzie e diretor geral da Penitenciária de Guarulhos